A Atitude de Vida de Um Maçom Livre

 

Por Mathieu Herben

Liberdade, igualdade, fraternidade. Três palavras características que podem descrever a Maçonaria. A Maçonaria assume que cada pessoa tem o direito de buscar a verdade de forma independente, lutar pela fraternidade universal e eliminar divisões entre as pessoas. Nobres ideais que estão escritos na declaração inicial e dos quais resulta a atitude de vida do maçom livre.

Um maçom chega à loja para se tornar uma pessoa melhor. Não melhor que os outros, porque isso seria incompatível com os princípios da igualdade, mas sim para melhorar a si mesmo. Ele é um homem que segue sua vocação. Um homem cujos pensamentos, sentimentos e vontade estão em harmonia. Em harmonia consigo mesmo e com o seu entorno. Alguém que navega a todo vapor. Os maçons são pessoas comuns às quais nada do que é humano é estranho. Não é por acaso que “Conheça a si mesmo” seja uma frase tão repetida. Hoje em dia deveríamos dizer: Melhore o mundo e comece por si mesmo.

Um maçom não impõe a sua opinião, mas compara-a com os outros. O limite habitualmente observado na Maçonaria é a questão: os pensamentos do candidato são dogmáticos ou não? Todo maçom busca a verdade por conta própria. Alguém que pensa que sabe o que é melhor não tem nada a procurar na Ordem. Ao mesmo tempo, a Maçonaria não é contra os dogmas como conceitos, mas contra os dogmas que são impostos a outros. Muitos maçons são membros praticantes da igreja. Eles aceitam os pressupostos da religião voluntariamente e por convicção própria. A Maçonaria permite-lhes aprofundar a sua experiência de fé e dá-lhes a oportunidade de dialogar com pessoas que pensam diferente.

 

Métodos:

A Maçonaria não é uma religião, ideologia, cosmovisão, seita ou sociedade secreta. A Ordem Maçónica é um movimento democrático cuja principal tarefa é aprofundar as opiniões dos seus membros no campo espiritual e moral. Ao mesmo tempo, assume a existência de uma realidade espiritual além da zona visível, à qual se refere como o Grande Arquiteto do Universo. A Ordem, evidentemente, não está sozinha nestas suposições. Muitos grupos diferentes visam a mesma coisa, mas a Maçonaria se destaca de outras organizações com um método específico de trabalho, utilizando símbolos e rituais que representam simbolicamente o curso da vida humana. Os símbolos ajudam a transmitir pensamentos e sentimentos que muitas vezes são difíceis de transmitir em palavras. São capazes, onde as palavras não bastam, de agregar mais valor a objetos, sentimentos, ações e fenômenos. No nosso dia a dia, utilizamos inconscientemente inúmeros símbolos, cujo significado todos compreendem imediatamente: um ramo de flores, uma aliança de casamento, a bandeira nacional, uma cruz, um aperto de mão, etc. Para algumas pessoas, as flores frescas oferecidas não têm muito valor porque murcham rapidamente. Alguém que não consegue apreciar a intenção de um gesto e nunca será sensível aos métodos maçônicos

 

Natureza do simbolismo:

Para os maçons, a natureza do simbolismo é a linguagem que eles entendem quando se encontram em qualquer lugar do mundo. Onde escrito e falado pode causar mal-entendidos, a linguagem dos símbolos cria unidade entre homens e mulheres de origens sociais completamente diferentes, com pontos de vista e personagens diferentes.

Na Maçonaria, os símbolos, legado das lojas artesanais da Idade Média, ocupam um lugar muito importante. Os maçons tratam a vida e o mundo como uma estrutura a ser construída. Eles estão construindo um templo da humanidade, um mundo melhor, no qual cada maçom é uma pedra de construção. Eles se descrevem como pedras brutas que precisam ser cortadas e polidas em um cubo perfeito para combinar com outras pedras vivas no edifício da humanidade.

O esquadro e o compasso são a marca internacional dos maçons. O compasso está associada ao conceito de dar dimensões, criar e combinar. É também um símbolo do amor radiante do Oriente, um símbolo do Grande Arquiteto que ordena tudo de acordo com a dimensão, o número e o peso. O esquadro com seus ângulos retos simboliza um homem que recebeu luz e sabe se colocar numa “relação direta” entre o próximo e o Grande Arquiteto. Outros símbolos - martelo, cinzel, espátula, nível - também têm função e significado próprios.

 

Rituais:

Além dos símbolos construtivos e luminosos, a forma de trabalho é caracterizada pela utilização de rituais durante todos os tipos de cerimônias. Há muito tempo, o homem conhece diversos rituais, que hoje são utilizados em formas altamente adaptadas durante o batismo, o casamento, a morte e outros momentos importantes da vida humana. A admissão à Maçonaria é através da iniciação. Nas lojas, existe um sistema de trabalho de três níveis: aprendiz, companheiro e mestre. Cada novo membro vivencia sua entrada cerimonial à sua maneira, dependendo de seus motivos pessoais, atitude de vida e pontos de vista. Tudo parece divertido, e é, até certo ponto. Mas é um jogo sublime com valores e significados profundos que o participante deve descobrir por si mesmo. Isso pode ajudá-lo a aprender melhor sobre a vida e a encontrar respostas para perguntas sobre as origens de sua vida. Geralmente, com bastante zelo, um aprendiz pode ser promovido a companheiro dentro de um ano. Nesta medida, o auto-aperfeiçoamento e o serviço à humanidade são da maior importância. Após mais um ano de trabalho diligente, o maçom é promovido a mestre. O mestrado chama a atenção para o auto-sacrifício no amor ao próximo e ensina o maçom a adotar a atitude correta em relação ao Grande Arquiteto do Universo. Juntos, esses três rituais refletem o curso da vida de uma pessoa, a jornada das trevas à Luz.

 

O texto dos rituais não é exatamente revelado pela Ordem. Uma pessoa curiosa pode consultar os inúmeros livros que os cientistas escreveram sobre este tema. No entanto, um candidato sério é aconselhado a não se familiarizar com o que o espera durante a cerimônia de iniciação. Assistir à final de um campeonato de futebol não é interessante se já sabemos o resultado final. O conhecimento do candidato sobre os detalhes do ritual terá um impacto negativo no efeito que o ritual tem sobre ele. O que uma pessoa deseja conhecer e experimentar profundamente, ela deve experimentar por si mesma.

Qualquer pessoa que não seja apresentada passo a passo ao simbolismo perderá o significado exato dos rituais. Além disso, tudo deve ser uma experiência absolutamente nova para o candidato, figura central durante a cerimônia de iniciação. De acordo com a psicologia moderna, a Maçonaria pode ser chamada de dramatização em que o candidato está preparado para a realidade da vida e da morte.

Não é difícil adivinhar que a ignorância dos rituais e textos utilizados durante as cerimônias aumenta o mistério da Maçonaria. Estes textos, muitas vezes variando de Loja para Loja, não são realmente um segredo. Você pode encontrar algo sobre esse assunto em todas as bibliotecas universitárias e comprá-los gratuitamente em muitas livrarias de antiquários. No entanto, familiarizá-los dá apenas uma imagem parcial e muitas vezes incompreensível, porque a sua essência só pode ser compreendida e sentida durante a própria iniciação.

O mistério maçónico é uma experiência única num jogo simbólico partilhado que não pode ser explicado ou expresso em meras palavras. Um segredo só pode ser compartilhado com quem sabe e sente o mesmo. A música deve ser ouvida, não lida, porque as notas só dirão algo ao especialista. Só depois do concerto os participantes poderão falar das suas experiências enquanto o ouvem. O segredo está guardado no coração.