Contos Interessantes e Curiosidades

Por Aguinaldo Fritoli Vieira (*)

CONTOS

 MISERÁVEL MESTRE!!!!



Tô falando... não param de me perseguir! Estão sempre contra a minha pessoa, e ainda se dizem Irmãos. O negócio é que a Loja estava um marasmo. "Tava um saco". Aliás, por falar nisso, sempre preferi “AMASSARMARIA”, à Maçonaria, vocês sabem.

Só tem um negócio lá que atrai: “O PODER”!

- Foi aí que resolvi: quero ser Venerável!

- Comecei a conversar com os “manos”, mas eles me vieram com um papo de que era cedo, e que eu ainda não tinha sido Secretário...!

- Função subalterna trabalha mais do que fala.

- Jamais! Não tenho tempo pra isso...” QUERO MESMO É SER VENERÁVEL”!

- Mas tudo tem seu jeito.

- Os dias passaram, bati papo com uns e outros, e fui enrolando.

- Fiz um leilãozinho de cargos. Pouco trabalho e muita pose.

- As Vigilâncias vão pra dois alérgicos ao trabalho.

- Nada de preparar instruções. Se elas já estão escritas, quem quiser que leia, bolas. A oratória vai prum caso patológico de exibicionismo que precisa de platéia

- vai ter sempre! E por aí continuei...

- Quanto àquelas condições de elegibilidade, atropelei todas. Pra freqüência, atestado médico comprovando Mal de Escroque. Nada como uns livrinhos misticistas. Dou uma cheirada neles e viajo no esoterês...

- Bons costumes? Não tem problema, eles ainda não me conhecem direito...

- Capacidade administrativa? Bah, administração é coisa pra jogar em cima do secretário. Meu negócio é bater malhete e usar paramento.

- O resto, eu leio e só assino.

- Mas tem uma turminha que se acha dona da Loja só porque não falta, arruma e desarruma o Templo, chega cedo, comparece no Tronco ou na obra de amor e outras besteiras dessas.

- Eles resolveram lançar um candidato deles. Mesmo que ele não tenha chance, não custa pichar um pouco.

- Como dizia meu guru, "da calúnia sempre fica alguma coisa...".

- Fui armando nos bastidores, fazendo cabeças com minha grande capacidade de persuasão...

- Vocês sabem, ele é muito jovem, não presta pra mandar... Comprei presentinhos, fiz longos discursos e botei algumas notas no Tronco (pô que desperdício).

- Prometi, bajulei e menti. Beijei criancinhas, abracei sogras, fui a batizado e enterro.

- Enfim, tornei-me o candidato ideal.

- O outro boboca, coitado, nem fez campanha.

- Apresentou um tal plano de trabalho que fazia jus ao nome, só falava de trabalho.

- Argh! Ninguém deve ter gostado

- Chegou o grande dia da eleição, eu lá tranquilo, já até pensando na reeleição. Aliás, preciso até ver quantas vezes é permitido, de repente, dá até pra mudar o regulamento...

- Por falar nisso, será que Venerável é como comprar toca-fitas: instalação é de graça? Não importa.

- Se não for, ponho na conta da Loja, junto com as dos paramentos, que já mandei fazer, bordados a ouro.

- Enfim, o grande momento. Começa a apuração. À Unanimidade, estão dizendo. É a glória. Eu mereço... O que...? Ganhou o outro? Não absurdo! É roubo! E o meu voto e as compras..., quero dizer, correligionários?

- Heim...? Não tínhamos freqüência? Vocês não me merecem.

- Vou fundar outra Loja, pra ser Venerável.

- Vocês ainda vão ver a VIGARICE & PICARETAGEM em funcionamento ainda este ano.

- Quero meu Quite Placet!

- O quê? Tem de pagar? Deixa pra lá então!

TFA.

Autor: Ir.·. Millôr Fernandes.

_______________________________

HUMOR


“COMISSÃO DEMOCRÁTICA”


Um irmão de uma Loja é hospitalizado.

Uma Comissão se reúne na Loja para discutir a questão e decidiu em enviar uma carta ao Irmão no hospital, desejando-lhe melhoras em breve.

 O secretário, um Irmão muito consciencioso, escreve a seguinte nota:

 “Querido Irmão, na reunião especial realizada nesta data, a Comissão da Loja, decidido nosso desejo para que tenhas uma rápida e completa melhora. O texto votado resultado no seguinte escore: “Seis votos favoráveis, Três contra e Uma abstenção.”

É mole?

_______________________________

“O ENGANO”

Após a sessão de iniciação do Irmão Rogério, o Ágape estava tão festivo que se estendeu até bem tarde da noite.

Por isso, Xandi, assim carinhosamente apelidado por sua mãe, quando chegou em casa o relógio marcava duas horas da madrugada.

Numa espécie de código, quando Xandi queria dormir até mais tarde, deixava sempre um bilhete para a sua querida Mãe.

E foi o que fez antes de ir se deitar.

Colocou-o no criado-mudo, junto com o embrulho que deveria conter um par de luvas que o Venerável Mestre lhe entregara, com a recomendação de que deveria oferecer àquela que mais estima.

Aconteceu, entretanto, que o irmão Arquiteto, encarregado de adquirir os itens para a sessão, foi às pressas para o bazar de armarinhos, e a moça encarregada do pacote confundiu-se, entregando-lhe outro embrulho contendo uma calcinha, ao invés de um par de luvas.

O pacote estava tão bonitinho que ninguém ousou abri-lo.

E assim estava escrito o bilhete do Xandi:

- “Querida mãezinha: Passei por um cerimonial maravilhoso na Maçonaria. Todos os Irmãos são muito legais. Até pediram que lhe entregasse este presente. Eles sabem que você, assim como a maioria das mulheres, não tem mais o costume de usar, mas é um hábito antigo de assim presentear à pessoa merecedora do seu maior afeto. Se não for do seu tamanho, não liga não, será ainda melhor, pois os dedos ficarão mais à vontade.”

Beijos do seu filinho Xandi.

_______________________________

“ESPOSA DO VENERÁVEL”


Um Mestre que diligentemente aceitava todas as funções e encargos que lhe eram destinados estava tendo dificuldades para explicar isso à sua esposa, que lhe disse:

- “Tudo o que o seu Venerável precisa fazer é estalar os dedos e você corre a fazer o que ele lhe manda. Eu queria ser seu Venerável!”

O marido pensou um pouco e calmamente respondeu:

- “Quem me dera querida, assim fosse; Só que lá nós trocamos de Venerável a cada dois anos!”

_______________________________


Para enriquecimento cultural daqueles que se interessam pelas curiosidades existentes em nossa Ordem, trazemos aqui o interessante “BALAUSTRE Nº 67”, colhido da “ARLS PHILANTROPIA E LIBERDADE” do Oriente de Gaucho”.

Aos 18 dias do mês de Setembro de 1835 da E.'.V.'., e 5835 da V.'.L.'., reunidos em sua sede, sita à Rua da Igreja, n 67, em lugar claríssimo, forte e terrível aos tiranos, situado abaixo da abóbada celeste do zênite, aos 30º Sul e 5ºde Latitude da América Brasileira, ao Vale de Porto Alegre, Província de São Pedro do Rio Grande, nas dependências do gabinete de leituras onde funciona a Loj.'. Maç.'. PHILANTROPIA E LIBERDADE, com o fim de, especificamente, traçarem as metas finais para o início do movimento revolucionário com que seus integrantes pretendem resgatar os brios, os direitos e dignidade do povo Riograndense. A sessão foi aberta pelo Ven.'. Mestre Ir.'. Bento Gonçalves da Silva. Registre-se, a bem da verdade, ainda as presenças dos IIr.'. José Mariano de Matos, ex-Ven.'. Mestre, José Gomes de Vasconcellos Jardim, Pedro Boticário, Vicente da Fontoura, Paulino da Fontoura, Antônio de Souza Neto e Domingos José de Almeida, o qual serviu como secretário e lavrou a presente ata. Logo de início o Ven.'. Mestre, depois de tecer breves considerações sobre os motivos da presente reunião de caráter extraordinário, informou a seus pares que o movimento estava prestes a ser desencadeado. A data escolhida é o dia Vinte de Setembro do corrente, isto é, depois de amanhã. Nesta data, todos nós, em nome do Rio Grande do Sul, nos levantaremos em luta contra o imperialismo que reina no país. Na ocasião, ficou acertada a tomada da capital da província pelas tropas do IIr.'. Vasconcellos Jardim e Onofre Pires, que deverão se deslocar desde a localidade de Pedras Brancas, quando avisados. Tanto Vasconcellos Jardim quanto Onofre Pires, ao serem informados responderam que estariam a postos aguardando o momento para agirem. Também se fez ouvir o nobre Ir.'. Vicente da Fontoura, que sugeriu o máximo cuidado, pois certamente, o Presidente Braga seria avisado do movimento. O Tronco de Beneficência fez a sua circulação e rendeu a medalha cunhada de 421$000, contados pelo Ir.'. Tes.'. Pedro Boticário. Por proposição do IIr.'. José Mariano de Matos, o Tronco de Beneficência foi destinado à compra de uma Carta de Alforria de um escravo de meia idade, no valor de 350$000, proposta aceita por unanimidade. Foi realizada poderosa Cadeia de União pela justiça e grandeza da causa, pois em nome do povo Riograndense, lutariam pela Liberdade, Igualdade, e Humanidade, pediam a força e a proteção do G.'.A.'.D.'.U.'. para todos os IIr.'. e seus companheiros que iriam participar das contendas. Já eram altas horas da madrugada quando os trabalhos foram encerrados, afirmando o Ven.'. Mestre que todos deveriam confiar nas LL.'. do G.'. A.'. D.'. U.'. e, como ninguém mais quisesse fazer uso da palavra, foram encerrados os trabalhos, do que eu, Domingos José de Almeida, Secretário, tracei o presente Balaústre, a fim de que a história, através dos tempos, possa registrar que um grupo de maçons, homens livres e de bons costumes, empenhou-se com o risco da própria vida, em restabelecer o reconhecimento dos direitos desta abençoada terra, berço de grandes homens, localizada no extremo Sul de nossa querida Pátria. Oriente de Porto Alegre, aos dezoito dias do mês de setembro de 1835 da E.'.V.'., 18º dia do sexto mês Tirsi da V.'. L.'. do ano de 5835.

(*) Aguinaldo Fritoli Vieira é Grão-Mestre Adjunto Honorário do Grande Oriente do Brasil - ES

Postar um comentário

0 Comentários