Igreja e Maçons: Um Encontro Histórico Rumo ao Diálogo e Tolerância

 

 O recente seminário realizado no Ambrosianeum em Milão marcou um momento singular na história das relações entre a Igreja Católica e a Maçonaria. Liderado pelo Cardeal Coccopalmerio e pelo Arcebispo Delpini, juntamente com o Grão-Mestre Bisi e outros líderes religiosos e maçônicos proeminentes, o evento trouxe à tona a possibilidade de uma abertura inédita no diálogo entre essas duas instituições.

A proposta de uma mesa permanente de discussão, onde representantes de ambas as partes possam se reunir livremente, é um sinal claro de que os tempos estão mudando. O Cardeal Coccopalmerio expressou sua visão otimista sobre a evolução do entendimento mútuo ao longo dos anos, reconhecendo que o contexto atual oferece uma oportunidade única para avanços significativos.

No entanto, mesmo diante desse clima de esperança e abertura, não se pode ignorar as divergências profundas que historicamente separaram a Igreja Católica e a Maçonaria. O Padre Zbigniew Suchecki, por exemplo, reiterou a posição da Igreja sobre a incompatibilidade fundamental entre os princípios da Maçonaria e os ensinamentos católicos.

A história tumultuada das relações entre a Igreja e a Maçonaria remonta a séculos atrás, com momentos de conflito e suspeita que moldaram a percepção mútua ao longo do tempo. No entanto, apesar das diferenças ideológicas e das controvérsias passadas, o desejo por um diálogo construtivo e uma compreensão mútua parece estar crescendo.

O discurso do Grão-Mestre durante o seminário reflete essa disposição para o entendimento e a cooperação. Ele destacou a importância de focar nas questões que unem as pessoas, em vez de se deter nas diferenças. O apelo à solidariedade diante de tragédias como a morte de trabalhadores em um canteiro de obras em Florença demonstra uma visão humanitária compartilhada, que transcende as fronteiras ideológicas.

No entanto, os obstáculos para uma reconciliação completa ainda são evidentes. Decisões recentes da hierarquia católica, como a proibição de católicos ingressarem na Maçonaria, revelam que há muito caminho a percorrer antes que uma verdadeira compatibilidade entre as duas instituições seja alcançada.

É crucial reconhecer que o diálogo entre a Igreja e a Maçonaria não implica comprometer os princípios fundamentais de cada uma delas. Pelo contrário, trata-se de buscar pontos de entendimento comum, respeitando as diferenças e promovendo uma cultura de tolerância e aceitação mútua.

Como afirmado pelo Grão-Mestre, a Maçonaria é uma "árvore da Liberdade" que busca a melhoria da humanidade e a promoção dos valores universais de fraternidade e tolerância. Da mesma forma, a Igreja Católica tem o dever de acolher aqueles que buscam o diálogo e a compreensão, sem comprometer sua fé e seus princípios.

Em última análise, o caminho em direção à reconciliação entre a Igreja e a Maçonaria requer coragem, paciência e compromisso mútuo. Como disse Luciano De Crescenzo, é importante valorizar aqueles que têm dúvidas e estão abertos ao diálogo, em vez daqueles que professam certezas inflexíveis.

O encontro histórico entre representantes da Igreja Católica e da Maçonaria em Milão é um passo significativo na jornada rumo a uma maior compreensão e respeito mútuo. Que esse momento inspire futuros esforços para construir pontes de diálogo e cooperação, guiados pelo espírito de fraternidade e busca pela verdade que une a todos nós.

Fonte: Revista Erasmus - GOI



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