A equação entre qualidade e quantidade
A Maçonaria pode ser equiparada a um banquete
requintado no qual se mistura um equilíbrio simbólico entre qualidade e quantidade.
Semelhante aos deliciosos pratos de uma mesa bem posta, os princípios maçônicos
constituem os ingredientes essenciais que compõem um prato espiritual
requintado. Através da equação Comida: Maçonaria = Qualidade: Quantidade,
exploramos a relação entre comida e Maçonaria, descobrindo como a escolha de
símbolos e metáforas pode enriquecer o nosso caminho iniciático e oferecer uma
visão diferente de fraternidade e pesquisa espiritual.
A qualidade dos alimentos, em termos
essenciais, sublinha a importância de escolhas alimentares conscientes e
ponderadas. O ditado popular, preferir a qualidade à quantidade, revela uma
verdade intrínseca: não basta limitar-nos a moderar as porções ou exceder a
quantidade, mas é igualmente fundamental selecionar criteriosamente os
ingredientes que compõem o nosso prato.
A alimentação de qualidade destaca-se pela
capacidade de fornecer os nutrientes essenciais ao nosso bem-estar, sem
introduzir substâncias nocivas ou supérfluas. Sua identidade se encontra na
adesão respeitosa à natureza e à sazonalidade, muitas vezes provenientes do
cultivo orgânico ou da agricultura sustentável. Esse tipo de alimento, livre de
manipulação industrial e conservantes químicos, é um aliado da nossa saúde
física e mental.
O equilíbrio entre qualidade e quantidade
torna-se assim uma arte a dominar, uma arte que se materializa na dedicação de
tempo à seleção e preparação de alimentos naturais e de elevada qualidade. Esta
abordagem não só ajuda a melhorar os níveis de energia individuais, mas também
tem um amplo impacto na sustentabilidade do sistema de saúde, libertando-o do
peso dos problemas associados a uma alimentação desequilibrada e pouco
saudável.
A alimentação de qualidade traduz-se numa
relação consciente e respeitosa com o que colocamos no prato, promovendo o
bem-estar pessoal e coletivo através da escolha criteriosa de alimentos que não
só nutrem o corpo como elevam a alma.
A ligação entre a alimentação e a Maçonaria,
muitas vezes esquecida, revela um aspecto simbólico da nossa Instituição. Para
além da sua dimensão de mera necessidade física, a comida funciona como símbolo
de comunhão, partilha e fraternidade.
A comida não está presente apenas nos rituais
maçônicos, mas também representa um veículo de transmissão de mensagens, lições
e estímulos à reflexão. Os banquetes que acompanham as reuniões, os jantares
beneficentes e as refeições rituais tornam-se momentos em que a comida se torna
uma ferramenta de consolidação dos laços fraternos e de celebração dos valores
partilhados dentro da Loja.
Além disso, a alimentação na Maçonaria
enfatiza o conceito de qualidade em detrimento da quantidade. Esta reflexão vai
além da simples consideração da comida como sustento físico e se estende a uma
dimensão mais profunda, indicando que a escolha criteriosa dos elementos que
compõem uma refeição é uma metáfora para a consciência na seleção de
ensinamentos e valores que enriquecem o processo iniciático.
A comida não é apenas alimento para o corpo,
mas um elemento simbólico que amplifica o significado da fraternidade, do
aprendizado e da pesquisa espiritual dentro da Maçonaria.
Através da comida, a Maçonaria confirma a sua
capacidade de tecer laços profundos e de comunicar mensagens simbólicas que vão
além do simples ato de compartilhar uma refeição. Já que somos “bombardeados”
diariamente de uma multiplicidade de programas culinários em o que os chefs
modernos nos incentivam a fazer maior conscientização sobre os alimentos que ingerimos,
devemos refletir sobre a profunda semelhança entre a nutrição do corpo e aquela
da alma. Na cozinha da vida, nós, maçons sabemos que prestar atenção ao que
consumimos não só preserva a nossa saúde física, mas também se estende à
alimentação interna. Assim como ingredientes cuidadosamente selecionados
transformam uma simples refeição numa experiência gastronómica, consciência e
escolha.
Valores maçônicos ponderados enriquecem nosso
caminho espiritual, dando sentido ao nosso crescimento interior. Ao refletirmos
sobre a comida, reconhecemos o dualismo entre fonte de alimento e veneno, uma
dicotomia que se estende para além do mundo gastronómico para abranger a esfera
espiritual. O poder de decidir se nos alimentamos sabiamente dos ensinamentos e
valores da Maçonaria ou nos envenenamos com a ignorância e a alegada
‘corrupção’ está nas nossas mãos. A etimologia da palavra “corrupção” tem
raízes no latim, derivada do termo “corruptio”.
Esta palavra, entre muitos significados, tem
o de decomposição, decadência, putrefação. Segundo o Dicionário Treccani “No
sentido ativo, a obra de quem induz os outros ao mal” O conceito de
“corrupção” pode ser entendido como uma forma de ruptura ou desvio de um
caminho integral ou de um estado de pureza.
A imagem evocada por esta etimologia é a de
uma fissura, de uma fratura em relação à integridade original ou às normas
estabelecidas. "Corrupção" indica, portanto, um processo de deterioração
moral, social ou espiritual em que a pureza ou integridade original fica
comprometida e na Maçonaria o termo sugere o perigo de desvio dos princípios
fundamentais da Ordem, alertando para o risco de contaminação espiritual
resultante da ignorância ou abandono dos valores fundadores.
Como gourmets da alma, somos chamados a
selecionar cuidadosamente os ingredientes espirituais, conscientes de que a
nossa escolha determina se a nossa alimentação interior será saudável ou
envenenada por um comprometimento da própria integridade.
A qualidade da nossa alimentação e da nossa
Maçonaria depende, portanto, de nós.
A Maçonaria tem uma tradição antiga, mas como
podemos mantê-lo vivo e relevante no mundo moderno? A resposta não é simples,
mas talvez possamos encontrar algumas ideias em conselho que nossa mãe nos deu:
"Mastigue boa comida". O que isso significa para nós Maçons? Isso
significa que precisamos nos aprofundar e refletir sobre os princípios e
símbolos da nossa Arte e não se contente com algo superficial. Significa também
que temos para oferecer aos nossos Irmãos, especialmente aos mais jovens, uma alimento
espiritual de qualidade que os nutre e estimula crescer. Não basta atraí-los
com promessas de mistérios e segredos, se não os satisfazermos com uma
verdadeira iniciação. Não basta expor nossa imagem com slogans publicitários se
então não demonstramos consistência e integridade. Lá A Maçonaria não tem um
problema de adesão, mas de retenção. Se quisermos que os nossos Irmãos
permaneçam à nossa mesa, devemos oferecer-lhes uma refeição digna desse nome. A
Maçonaria é uma irmandade que se baseia na qualidade e não na quantidade de
seus membros. Como podemos garantir que nossos Irmãos estejam motivados e
envolvidos na vida da Loja? Como podemos evitar que a nossa Loja se torne um
clube social ou uma fábrica de iniciados? Como podemos manter o nosso
património histórico e cultural sem abrir mão da modernidade e da inovação?
Estas são apenas algumas das perguntas que todo maçom deveria se perguntar,
especialmente numa época em que a sociedade muda rapidamente e os desafios são
cada vez mais complexos.
Não há uma resposta única para estas perguntas,
mas podemos refletir sobre alguns aspectos que podem nos ajudar a melhorar a nossa
experiência. Primeiro, devemos esteja ciente do valor que a Maçonaria nos
oferece, não apenas como indivíduos, mas também como parte de uma comunidade.
Maçonaria lá oferece a oportunidade de crescer espiritualmente, intelectual e
moralmente, para compartilhar ideias e valores com pessoas de diferentes
origens campos e culturas, para participar em obras de solidariedade, apreciar
a beleza e simbolismo dos rituais, do cultivo da amizade e fraternidade. Esse
valor não tem preço, mas tem uma taxa. Um custo que se expressa não apenas nas taxas
que pagamos para sustentar as nossas Loja e nossa Obediência, mas também em tempo
e esforço que dedicamos a nossa formação e a nossa participação.
Além disso, devemos ser seletivos e
responsáveis na admissão de novos membros. Não é sobre criar barreiras ou
elitismo, mas para garantir que eu os candidatos estão realmente interessados
e adequados para caminho iniciático que promovemos. Não você só precisa ter
uma boa reputação ("livres e de bons costumes") e boa vontade, você
deve também tem uma certa maturidade pessoal, uma mente aberta, uma curiosidade
intelectual e uma sensibilidade espiritual. Devemos ser disposto a assumir um
compromisso de longo prazo com respeitar as regras e princípios da Maçonaria, contribuir
para o bem-estar da Loja e do sociedade. Não devemos ter pressa para começar novos
membros, mas precisamos de garantir que são adequadamente treinados e educados,
tanto antes e depois da iniciação. Finalmente, devemos ser criativo e dinâmico
na gestão da nossa Loja. Também não se trata de mudar a tradição o ritual, mas
sim adaptá-los às necessidades e exigências expectativas dos nossos Irmãos.
Temos que retribuir nossas reuniões interessantes e estimulantes, oferecendo
espaços de discussão e aprendizagem, de convívio e diversão, de solidariedade e
ação.
Devemos abrir-nos ao diálogo e à colaboração
com outras Lojas, com outras Obediências, com outras organizações maçónicas ou
para-maçónicas. Devemos estar conscientes de que a nossa Loja e a nossa
Obediência não são uma ilha no meio do oceano, mas fazem parte de uma rede
global de Irmãos que partilham os mesmos ideais e objetivos.
Concluindo, podemos dizer que a qualidade da
Maçonaria depende da qualidade dos seus membros e isto depende da qualidade da
sua experiência maçónica. Se quisermos que a nossa Loja esteja viva e ativa,
devemos ser os primeiros a viver e agir como verdadeiros maçons.
Mas como transmitimos nossos valores aos
novos membros e leigos? Como tornar a loja um local acolhedor, estimulante e
divertido? Como fazer com que os Irmãos se sintam parte de uma família que os
apoia e encoraja? A resposta é simples: oferecendo uma refeição maçônica de
qualidade.
Uma refeição maçónica não é apenas um momento
de convívio, mas também de formação, partilha e crescimento pessoal. Uma
refeição maçónica deve ser equilibrada, variada e nutritiva, tanto do ponto de
vista material como espiritual. Uma refeição maçónica deve satisfazer as
necessidades de todos os Irmãos, tanto os mais velhos como os mais jovens,
tanto os mais experientes como os mais inexperientes, tanto os mais ativos como
os mais passivos. Uma refeição maçónica deve ser uma oportunidade para celebrar
sucessos, para enfrentar desafios, para resolver problemas, para aprender
lições, para trocar opiniões, para expressar emoções, para fortalecer laços.
Como você prepara uma refeição maçônica de
qualidade? Existem alguns ingredientes indispensáveis: um ritual bem executado
que transmita um sentido de tradição e simbolismo; um divertido programa de
alojamento que incentiva o relaxamento e a diversão; uma fraternidade sincera
que cria um clima de confiança e respeito; instrução eficaz que estimula a
curiosidade e a exploração; ensino cuidadoso que guiar os novos Irmãos no seu
caminho iniciático. Esses ingredientes devem ser dosados com equilíbrio, sem
exagerar ou descuidar de nenhum deles. Devem ser cozinhados com paixão, sem
cair na rotina ou no improviso. Devem ser servidos com elegância, sem
ostentação ou descuido da forma.
Se pudermos oferecer uma refeição maçônica de
qualidade, podemos ter certeza de que os Irmãos ficarão satisfeitos e gratos.
Podemos ter certeza que eles retornarão com prazer à Loja porque encontrarão o
que procuram: iluminação pessoal, amor fraternal e conhecimento. Podemos ter
certeza de que os Irmãos levarão consigo o sabor da Maçonaria para o mundo
profano, porque serão orgulhosos e testemunhas disso. Podemos ter certeza de
que a Maçonaria estará viva e forte, porque seremos seus guardiões e promotores
a guiar os novos Irmãos no seu caminho iniciático. Esses ingredientes devem ser
dosados com equilíbrio, sem exagerar ou descuidar de nenhum deles.
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