O Templo Sagrado transcende as barreiras
de sua materialidade, indo além de suas paredes físicas, convidando-nos a
refletir não apenas sobre os templos físicos maçónicos, mas sobre todos os
locais sagrados e até mesmo sobre o templo que é o nosso próprio corpo.
As cerimônias de consagração dos templos
sempre estiveram impregnadas de particularidades culturais e rituais
específicos, envolvendo autoridades espirituais e hierárquicas. Tanto o local
escolhido quanto as práticas realizadas nesses templos evocam uma manifestação
energética única, proporcionando uma compreensão mais profunda da fé que
permeia esse espaço sagrado.
Em uma recente conversa com o Irmão
Marcos Cesar Rocha de Alcântara, discutimos as experiências que tivemos ao
visitar diferentes templos e como alguns deles nos provocaram uma sensação de
plenitude espiritual, enquanto outros pareciam vazios de sua essência. Em uma
dessas visitas, o Irmão questionou: "Você percebeu algo diferente neste
templo? Pois nada de especial sinto aqui." E eu respondi afirmativamente,
concordando que aquele lugar parecia estar desprovido da essência divina.
É importante ressaltar que em parte das
conversas que tivemos, o Irmão citado não deixou de considerar que existem
muitos Templos esvaziados da essência Maçónica. Como ele mesmo disse:
"Certos templos maçónicos estão esvaziados da essência maçónica, não se
percebe a força da maçonaria, a egrégora se perdeu em muitos desses, parece um
lugar vazio que nada sentimos".
Após essa troca de ideias, tenho
refletido sobre essa questão, buscando respostas dentro de uma ampla gama de
possibilidades que essa experiência me proporcionou.
O discurso de Salomão na consagração do
templo em 1º Reis nos lembra que ele construiu o templo para manter a presença
de Deus para sempre. Essa passagem nos conduz a uma reflexão ainda mais antiga,
como a encontrada na "Tabula de Esmeralda" atribuída ao Mestre Thoth.
Suas palavras nos recordam que somos uno com as estrelas, e nossa alma está
destinada a brilhar livremente na imensidão do cosmos. Ambos os textos aludem à
escuridão, seja na densa escuridão mencionada por Salomão, onde Deus habita, ou
na escuridão da noite mencionada por Thoth, da qual devemos ascender.
Poderíamos conjecturar que, devido à
profanação, à falta de respeito pelas culturas e tradições, à indiferença para
com o sagrado, os templos foram esvaziados. O Sagrado Divino se retirou desses
locais, mesmo que ainda habite em nosso interior e no ambiente reservado ao seu
culto. No entanto, essa condição nos permite analisar mais profundamente nossa
própria alma e o meio em que vivemos, revelando a banalização que permeia nosso
ambiente.
O Templo está vazio, exposto às vaidades
estéreis, aos interesses mesquinhos, à soberba e à ingenuidade, que tantas
vezes desvirtuam a fé, a tradição e o sagrado. Nesse vazio, encontramos um
convite à reflexão e à busca por uma conexão mais profunda com o divino, tanto
dentro de nós mesmos quanto no mundo ao nosso redor.
Aqui incide a prova que temos, o
compromisso que prestamos. E se formos indiferentes aos nossos preceitos e
valores, permitiremos a condição infame que vivenciamos. A questão é sutil,
sensível demais para uns e outros; porém, evidente e vociferante para aqueles
que se prestaram ao compromisso com fé e verdade.
É preciso percebermos o quanto nossos
templos precisam ser reavivados não somente com a Esperança, o Amor e a
Fraternidade; mas, também, com o Respeito, Devoção e Zelo, além do mais, com o
carinho pela tradição e rituais.
É sabido que mesmo na escuridão encontramos
a Luz Divina, no ceio da escuridão a chama sagrada ascende. É nesse ponto que
convido a real reflexão, tenhamos bom ânimo e nos inclinemos às Virtudes, ainda
é possível manter a chama acesa.
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